ATA DA NONAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 29-8-1989.

 


Aos vinte e nove dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nonagésima Segunda Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Nonagésima Primeira Sessão Ordinária e da Trigésima Primeira Sessão Solene, que deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Ervino Besson, 02 Indicações; pelo Ver. Gert Schinke, 01 Projeto de Lei de Legislativo n° 129/89 (Proc. nº 2304/89); pelo Ver. Vicente Dutra, 03 Pedidos de Providências; 01 Indicação. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 8368; 8647/89, da Câmara Municipal de São Paulo. Em COMUNICAÇÕES, O Ver. Elói Guimarães anunciou apresentação de Moção de Apoio à decisão do Presidente José Sarney, publicada nos jornais do País, de entregar o Governo em primeiro de janeiro. Analisou a importância dessa decisão para o futuro Presidente desta Nação, e sugeriu ao Sr. José Sarney que consulte a opinião pública a respeito de tal decisão e que não a condicione ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais. O Ver. José Valdir, comentado a questão dos valse-transporte, envolvendo a comercialização pela ATP ou pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, criticou a postura dos Vereadores Nelson Castan e Dilamar Machado, em especial com referência à Comissão Especial criada para averiguar tal assunto. Criticou a liberdade que vem norteando a criação de Comissões de Inquéritos e das Comissões Externas. O Ver. Luiz Braz, fez saudação ao Suplente João Bosco, no exercício da Vereança, a qual foi endossada pelas demais Lideranças. Criticou e denunciou a prática não regimental do Ver. Isaac Ainhorn, enquanto Relator de Projeto de Lei do Legislativo que trata da regulamentação dos plantões das farmácias, e que se encontra na Comissão de Justiça e Redação há dois meses. Instou junto à Mesa Diretora desta Casa para que tome providências quanto a essa prática. O Ver. Leão de Medeiros lamentou a morte de um menino ocorrida no Bairro Jardim Leopoldina, morto por um tiro. Discorreu sobre a falta de segurança e de solidariedade constatada diante desse caso. Comentou Lei aprovada por este Legislativo, na Legislatura anterior, e até o momento não regulamentada, que visa incentivar os particulares socorrer vítimas ou acidentados. Sugeriu, também, a criação de um distrito policial naquele Bairro, tendo em vista a densidade demográfica daquela área. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Edi Morelli, reportou-se ao pronunciamento do Ver. Leão de Medeiros, discorrendo sobre a referida Lei que concede lavagem gratuita ao particular que conduzir vítimas ou acidentados. Informou que essa Lei foi idealizada pelo escrivão Flores, que presta serviços junto ao HPS. Agradeceu, ao Executivo Municipal, o atendimento dos Pedidos de Providências de sua autoria nºs 755 e 144/89. O Ver. Décio Schauren leu comunicado, publicado na imprensa, da Prefeita da Cidade de Santos, acerca da morte de um trabalhador da Companhia Santista de Transportes Coletivos, vítima de violência de um grupo de funcionários graduados. Endossou o protesto da Prefeita Telma de Souza, e repudiou a violência da morte do motorista Anésio. O Ver. Ervino Besson comentou a morte de menino, ocorrido no Bairro Jardim Leopoldina, discorrendo sobre as dificuldades encontradas pela população, em termos de segurança, ali residente. Agradeceu aos Vereadores Leão de Medeiros, Luiz Braz e Cyro Martini, assim como as suas assessorias, pelo trabalho que vem desenvolvendo em prol do combate à violência. E o Ver. Clóvis Brum, discorrendo sobre a cobrança, que denominou de ilegal, que vem sendo feita pelo DMAE com relação o esgoto cloacal, afirmou que a cobrança dessa taxa é responsabilidade da CORSAN. Asseverou que ingressará na Justiça visando à sustação de tal cobrança pelo DMAE. Durante os trabalhos o Sr. Presidente comunicou ao Ver. Luiz Braz e aos presentes que a tarefa de fiscalizar os prazos dos relatores é designação dos Presidentes das Comissão Permanentes, e que a Mesa Diretora desta Casa tem prezado pelo cumprimento dos prazos regimentais. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos desta Sessão às dezessete horas e vinte minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene às dezessete horas, com a finalidade de entregar o Título de Cidadã Emérita a Srª Ione Pacheco Sirotski. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Adroaldo Corrêa, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Corrêa. Do que eu Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada será assinada pelo  Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passa-se ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Primeiro orador inscrito é o Ver. Vieira da Cunha, que cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIAMRÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nós estamos elaborando e vamos apresentar amanhã, um voto de apoiamento ao Sr. Presidente da República, ao Presidente Sarney, face à decisão de S. Exª segundo informam os meios de comunicação, de antecipar a entrega do mandato em 1º de janeiro. E, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos sugerir a S. Exª que não condicione a sua decisão ao primeiro turno e também ao segundo turno, se nos afigura uma decisão do Presidente da República que consulta o interesse nacional. A par de qualquer outra interpretação que se possa fazer, a antecipação do mandato entrega para o futuro Presidente da República um espaço de tempo que do ponto de vista no início de uma nova administração, é importante.

Evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que um novo Governo, uma nova Administração, ungida pela vontade popular, pelo mandato popular, pela vontade da Nação, hoje no processo de alta apuração do desejo da Nação, fará com que o futuro Presidente, o futuro dirigente deste País tenha as condições legítimas para iniciar uma nova fase para a vida da Nação, para a vida brasileira. Então, é neste sentido que amanhã vamos trazer à discussão, à deliberação dos Srs. Vereadores esse voto de apoio, uma Moção de apoio ao Sr. Presidente da República, que manifesta a intenção de antecipar a entrega do seu governo em 1º de janeiro. Nós, evidentemente, nos incluímos entre aqueles partidos que entendiam que mandato presidencial deveria ser de 4 anos e não 5, como foi estabelecido. Isto porque a participação do Colégio Eleitoral, que foi uma transição negociada, prévia, ou melhor, estava na intenção de um dos mais belos e magníficos movimentos que já se fez neste País – a grande cruzada das Diretas Já. Estava no bojo daquele momento, embora cedendo na questão do Colégio Eleitoral, de que o Presidente que saía daqueles episódios deveria ter um mandato mais curto possível. O Governo do PMDB e do PFL, que sustentaram, teoricamente e, em alguns setores de fato sustentam o Governo Federal, tão logo chegados ao governo, investiram todos os esforços no sentido de o Presidente da República ter o seu mandato de 5 anos.

Então, eu acho que há um avanço, há uma certa sensibilidade do Presidente da República quando manifesta o desejo de entregar o cargo em 1º de janeiro, em que pese S. Exª condicione isto a uma decisão de 1º turno. Esta é uma atitude altamente cívica, porque é um governo que não tem a legitimidade a mais ampla, é produto de todo o conjunto de negociações que se deu no Colégio Eleitoral, necessário àquele momento para a transição, via Colégio Eleitoral, talvez, o fato é que o tempo, o mandato também deveria ter as condições, as características e a conotação de um mandato temporário, de transição, e não de um mandato definitivo.

Então, a exemplo, não evidentemente daquelas condições do Presidente da Argentina, Presidente Alfonsin, este é um movimento em que se começa a discutir, no País, até com bases nas declarações do Presidente da República, pela antecipação do seu mandato, porque dará ao futuro Presidente, este independentemente, de que seja, mas alguém que terá, mal ou bem, adquirido acima de 50% da vontade popular, este novo dirigente terá as condições de instaurar, de início, no primeiro mês do ano, um Governo capaz de tirar o País da profunda crise que atravessamos, nós a nossa Nação brasileira. E é velho o princípio de que um País agüenta uma inflação de 30, 40% ao mês por um determinado tempo, mas não agüenta, não suporta, não resiste o seu povo por todo o tempo.

Então, tratando de um Governo que deixa a desejar, mesmo investido da transitoriedade, tratando-se de um governo que não foi capaz de apresentar um projeto para a sociedade brasileira e para o País, capaz de encaminhar o Brasil para o rumo do desenvolvimento, portanto, tendo sido incapaz de, pelo menos, criar uma perspectiva de desenvolvimento, nada melhor do que o Presidente da República antecipar a posse do novo dirigente deste País. Volto a frisar, independentemente, de quem seja, de quem possa ser o escolhido, se tratará, quer queiramos quer não, de um governante que teremos mais de 50% da vontade do povo brasileiro.

Evidentemente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que nós do PDT queremos que este novo governante seja o ex-Governador do Rio Grande do Sul, ex-Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. Mas mesmo que outro seja escolhido, nós entendemos, em que pese todo um conjunto de manipulações, é um governante que vai ser escolhido pela maioria, por mais de 50% dos brasileiros. E eu acho que é um momento de grande reflexão. Nós estamos diante de uma grande oportunidade – talvez a última – de apostarmos na via pacífica, na via democrática.

Imaginem V. Exas. se perdemos esta magnífica oportunidade de escolhermos um governante capaz de estabelecer a redenção do homem brasileiro, se perdermos esta oportunidade, o que restará ao futuro? Estará, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este povo disposto a apostar na via pacífica, na via democrática? Até quando, o povo aceitará toda esta situação. Então, é a grande oportunidade e fica aqui, portanto, ao encerar a nossa manifestação, e amanhã encaminharemos um voto de apoiamento ao Presidente da República pela antecipação do fim do seu mandato. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir por cessão do tempo do Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recém as águas de março findaram o verão, sobreveio à tempestade. Era uma tempestade em copo d’água. Eu avisei a nossa Bancada, avisou desta tribuna, não fomos ouvidos. Pois mesmo com o aviso, o estrondo do estilhaçar do copo quebrado repercutiu em todo o canto. Ganhou os jornais e a imprensa. Repercutiu neste caso, caixa de ressonância de interesses dos populares, às vezes nem tanto, às vezes dos interesses populistas. Era o roubo das fichinhas, uma fraude da Administração Popular contra honrados e dignos homens de negócios, felizmente defendidos por um guerreiro, felizmente contando com o apoio de todo o canto. Afinal guerreiro que é guerreiro é sempre um líder e quem é líder não briga só, tem apoio em todo o canto. Granjeia simpatia em todo o canto. É por isto que também nesta Casa muitos atenderam o apelo do guerreiro. E por isso o estrondo de um copo quebrado fez-se ainda mais potente.

Enquanto o Sherlok Holmes, Acelino Marchisio investigava este “elementar caso de polícia”, esta Casa também tomava as suas providências. O atilado Ver. Nelson Castan – sempre rápido – propunha formar uma Comissão de Inquérito do vale-transporte, logo batizada pela imprensa de Comissão das Fichinhas, para o desgosto de Dilamar Machado que, desta tribuna, reclamava que ficava para traz porque o Vereador era jovem e rápido. O próprio Ver. Dilamar Machado declarava na “Zero Hora” do dia 10.03.1989: “Alguém está roubando de alguém (Certamente Sherlock Holmes diria: elementar meu caro Watson: se há crime, há um criminoso)”. E concluía o Ver. Dilamar Machado com o seu farol excepcional e experimentado: “Para mim cheira gatunagem”. E na mesma entrevista só não saiu uma charge do Prefeito Olívio Dutra, carregando um saco de fichas, charge sugerida pelo Ver. Dilamar Machado, porque o próprio Dilamar Machado ironizava dizendo não acreditar que o Prefeito andasse por ai ensacando fichas dos outros. Passou-se 60 dias e a CPI das fichinhas não concluiu nada, não apurou nada. No dia 13.06.1989, foi prorrogada pro mais 30 dias úteis, finda os quais também nada concluiu e nada apurou. E no dia 23.08.1989, foi prorrogada por mais 30 dias, fim dos quais talvez poderá apurar alguma coisa. Talvez. Porque para isso terá que ser mais realista do que o próprio rei, uma vez que a justiça já mandou arquivar o processo por considerar que não houve fraude alguma.

Portanto, o cheiro de gatunagem farejado pelo Ver. Dilamar Machado provavelmente era falso ou vinha de um outro lado. No dia 07.08.1989, a Promotora Lina Stella Bailo, que deveria acusar a Administração Popular, solicitou a 13ª Vara Criminal o arquivamento do Inquérito Policial realizado pela Delegacia de Defraudações o que aconteceu no dia 10.08.1989. Da argumentação do Ministério Público, é importante salientar alguns aspectos que me parecem relevantes. Primeiro que não houve intenção da Administração se apropriar de coisa alheia. Segundo,  os 3% requeridos pela ATP pela comercialização do vale é um “direito discutível visto que não houve a realização da tarefa”. Terceiro, o vale-transporte é uma particularidade do sistema de transporte que estava sendo inspecionado pela Administração Municipal, sendo assim a intervenção estende-se tanto ao sistema do vale-transporte quanto ao consórcio operacional de Porto Alegre – COPA. Quarto, “pela análise dos autos – palavra da Promotora Stella, se depreende que a ATP funcionava como verdadeiras ‘longa manos’ das empresas de transportadoras de passageiros, eis que lhe cabe vender o vale-transporte e repassar aos empresários o dinheiro recebido”.

Assim, aos poucos as nossas teses vão se comprovando. Só na semana passada, além do arquivamento do processo das fichinhas, a Administração ganhou o processo movido pela ATP. Até apostas feitas a nossa revelia, nesta Casa, nós andamos ganhando. O Prefeito Olívio Dutra vai pagar o resíduo sem o limitador formal dos 98%, o limitador vai ser a realidade do erário municipal, em pouco tempo, infelizmente, veremos nesta Casa mais uma tese nossa se comprovar. Veremos que a Administração Popular tinha razão e neste dia não viremos a esta tribuna contar vitória, porque este será um dia triste, porque será o dia em que as teses da Prefeitura, da Administração Popular vão se confirmar e nós não vamos poder pagar o funcionalismo, aí nós veremos quão insensata é a política de matar a galinha dos ovos de ouro.

Mas, hoje, é um dia feliz porque depois da tempestade vem a bonança, diz o ditado popular. O episódio da CPI das fichinhas levanta questões muito sérias nesta Casa a respeito das CPIs. Há uma liberalidade demasiada em se instaurar esse tipo de Comissão de Inquérito e Externas que, se cumpre o primeiro objetivo, que é o de promover nas páginas dos jornais, os seus proponentes, raramente tem cumprido o seu objetivo principal que é apurar os dados e serem Comissões conclusivas, pois esta CPI das fichinhas está instalada há cinco meses, e eu pergunto o que apurou até agora? Finalmente, do episódio das fichinhas fica comprovada uma afirmação que fiz, nesta tribuna, pelo que fui ridicularizado, taxado de superficial.

Desta vez não sou eu que estou dizendo, é o processo de arquivamento. Na verdade essa história e este episódio das fichinhas eram realmente “fichinhas, nada mais do que fichinhas”. Está provado. A Comissão em cinco meses não concluiu absolutamente nada e a justiça sabidamente lenta foi mais ágil e concluiu pelo arquivamento, considerando que não houve fraude alguma.

 

O Sr. Nelson Castan: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, V. Exª com toda a certeza não têm conhecimento de todo o trabalho da CPI do transporte. Em primeiro lugar não é CPI das fichinhas, ela é muito mais abrangente e convido V. Exª para pegar os Anais, todo o trabalho, todos os depoimentos estão reunidos lá para V. Exa. começar a se preocupar um pouco que seja com as inúmeras irregularidades cometida durante as intervenções.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Lembro-me do Ver. Dilamar Machado com um saquinho de fichinhas reclamando que V. Exª foi mais rápido por ser mais jovem, ao pedir a CPI das fichinhas. E foi aí que a imprensa batizou de CPI das fichinhas. Quero que V. Exª negue nesta tribuna que faz cinco meses que essa CPI foi instalada e até hoje não apurou absolutamente nada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero apenas lembrar aos Vereadores que anteriormente estavam discutindo que a Câmara Municipal não instala CPIs! São Comissões de Inquérito, não são Comissões Parlamentares de Inquérito.

(Apartes anti-regimentais.)

 

Exatamente. É problema de Regimento. Mas a discussão que faço não é exatamente sobre as fichinhas ou nada mais do que fichinhas, assunto que o Ver. José Valdir trouxe a esta tribuna. Primeiramente quero saudar a presença do nosso amigo João Bosco Vaz, que toma posse e enriquece esta Casa coma sua presença.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A saudação é, também, em nome do PDS.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Omar Ferri me envaidece muito e permite que eu daqui desta tribuna possa saudar, em nome do seu Partido, o Ver. João Bosco Vaz, como também o PDS, o meu amigo Leão de Medeiros, do PDT, de acordo com nosso amigo Ervino Besson e também o PT, V. Exª, Vereador, vem para esta Casa e conta com a amizade e anuência não só dos seus eleitores, mas, também, de todos os seus colegas de Vereança. Existe alguma coisa que é feita, não regimentalmente, e que quando alguém faz, faz no sentido de atrapalhar, faz com o objetivo de matar a intenção que alguém por acaso possa ter, faz com o intuito de tolher os planos que alguém cogita realizar. Sentar em cima de um projeto é uma coisa velha aqui nesta Casa! Mas, infelizmente, a Administração da Câmara Municipal resolveu nos últimos tempos distribuir para todos os gabinetes uma grade que nos permite acompanhar o andamento de todos os projetos. Através desta grade podemos saber em qual Comissão está o projeto de qualquer Vereador e quais os projetos que aqui estão tramitando. Desde o início do ano fomos solicitados pelos representantes da Associação dos Proprietários de Farmácia e, também, por algumas entidades particulares para que mexêssemos no assunto plantão de farmácias. Colocamos em tramitação nesta Casa um projeto que visa regular o funcionamento do plantão de farmácias, porque não é segredo para ninguém que existem determinados dias da semana, domingos e feriados em que, por vezes, a população tem dificuldades em encontrar uma determinada farmácia funcionando.

Então, atendendo a solicitação desse setor da sociedade, tentamos regular o funcionamento dos plantões. No dia 29 de junho o Projeto entrou na Comissão de Justiça e Redação da Casa, Comissão onde está o Ver. Omar Ferri. Ver. Omar Ferri, eu acredito que V. Exª ainda não tenha visto este Projeto, simplesmente porque esse Projeto desde o dia 29 de junho está nas mãos do Ver. Isaac Ainhorn, aí fica difícil de se trabalhar, porque de um lado nós temos a sociedade que nos cobra...

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu referi Barão Von Münchausen, vou explicar por que. Porque esse Vereador, que tem um Processo do interesse dos plantões de farmácias desta Capital desde o dia 29 de junho, quando eu denunciei, a questão de três ou quatro dias, porque ele formulava Pareceres e, depois, em Plenário votava contra, ele, para se defender, meu prezado e querido amigo Luiz Braz, foi para a tribuna denunciar que eu tinha sido indicado Relator de uma Questão de Ordem levantada pelo colega Brum e que, decorridas 24 horas eu ainda não tinha dado o Parecer. Agora, como eu poderia dar o Parecer se eu sequer havia sido nomeado para essa tarefa? Então, veja bem, além de ele engavetar, sentar em cima, ele ainda falta com a verdade. Por isso que eu o apelidei de Barão Von Münshausen.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço V. Exª pelo aparte, Ver. Omar Ferri. É uma pena que, hoje, que estou tratando de um assunto relacionado com o interesse de todos os Vereadores aqui desta Casa, e onde estou envolvendo um nome – porque não posso falar num assunto sério, de gravidade como este, porque atrapalha os interesses não deste Vereador, mas da Cidade – o Ver. Isaac Ainhorn não esteja em Plenário. Mas peço até ao Ver. Ervino Besson, aqui presente, que transmita ao Ver. Isaac Ainhorn, ou então se lá no gabinete dele estiverem ouvido que, por favor, ele venha ao Plenário explicar como é que ele pode sentar em cima de um projeto durante dois meses e já vamos entrar no terceiros mês – para dar o Parecer. É impossível que um projeto possa desgastar tanto um Vereador que ele não consiga, no prazo de dois meses, encontrar tempo para dar um Parecer ou contrário ou favorável. A única coisa que eu quero do Ver. Isaac Ainhorn é que ele dê um Parecer, eu nem estou pedindo para que ele concorde que a Cidade tenha orientação dos plantões de farmácias, eu não peço nem que ele concorde com o Projeto em si, mas o que eu estou pedindo – e aí estou pedindo também para a Mesa Diretora da Casa, e está aí o Ver. Adroaldo Corrêa que é responsável também, a Mesa é responsável também por essas cobranças – fazendo um apelo para que a Mesa Diretora da Casa cumpra com as suas funções e cobre do Ver. Isaac Ainhorn o projeto que há dois meses está sentado em cima e ele não tem esse direito. O direito desse Vereador ou de qualquer outro Vereador termina quando começa o direito de outro Vereador, porque nós estamos aqui representando as comunidades, nós estamos aqui representando parcelas dessa sociedade que aí está, e a nossa parcela se sente prejudicada quando algum Vereador senta em cima dos seus interesses, em cima de um projeto que representa os interesses dessa comunidade. Quem me disser que este assunto não é um assunto importante, quem me disser que  regular o funcionamento de plantões de farmácias não é um assunto importante, eu acredito que não conhece bem os problemas desta área, ou não conhece bem, por exemplo, problemas que nós encontramos na periferia da Cidade, onde determinados dias da semana, principalmente, já citei aqui domingos e feriados, se tem uma dificuldade muito grande para se encontrar um estabelecimento aberto, e nós queremos legislar em cima de uma dificuldade que sentem aqueles que estão principalmente na periferia da Cidade. É claro que aqueles que moram, por exemplo, no Bairro Santana não encontram tantas dificuldades com farmácias, eles são bem servidos ali no Bairro Santana, nós temos um espaço de 50 metros uma farmácia quase junto com a outra. Isso é uma coisa que nós queremos disciplinar, mas não através desse Projeto, nós temos um projeto que tenta disciplinar o aparecimento de novas farmácias na Cidade, mas com este Projeto nós estamos querendo apenas atender os interesses da Cidade no que concerne aos plantões, no que concerne ao estabelecimento dos plantões. Estamos oferecendo à Casa um Projeto que dá uma idéia daquilo que nós pensamos poderem ser os plantões de farmácia. Quem não estiver de acordo que apresente Substitutivos, que apresente Emendas, que vote contrário, mas a única coisa que não é justa é que alguém sente em cima deste Projeto e segure o Projeto durante dois meses. Peço que a Mesa Diretora da Casa cumpra com as suas funções e cobre o aparecimento deste Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa interpelada pelo Ver. Luiz Braz, responde que tem essas atribuições e que as distribui com os Presidentes das Comissões. Basicamente, em relação a esta questão, o Presidente conclui um ofício aos Presidentes de Comissões pedindo rigor no cumprimento dos prazos regimentais em relação à tramitação de projetos na Casa.

Inscrito no período de Comunicações o Ver. Omar Ferri, ausente.

Com a palavra, o Ver. Wilson Santos, que cede o seu tempo ao Ver. Leão de Medeiros.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não poderia deixar de registrar o doloroso desaparecimento do menino Juliano dos Santos Soares, de apenas nove anos e que foi assassinado, ontem, com um tiro no peito junto à Escola Baltazar de Oliveira Garcia, no Jardim Dona Leopoldina. Segundo a versão da única testemunha até agora conhecida, a menina Fabiana Ferraz dos Santos, Juliano divertia-se em um potreiro junto à Escola, espantando animais que ali pastavam. Um deles investiu contra um homem que cruzava o campo e o desconhecido teria dado um tiro em direção do animal. A bala ricocheteou em uma calçada de pedras que cerca o colégio e atingiu o Juliano no peito.

Encaminhei há pouco ao Sr. Governador do Estado, através desta Casa, Indicação no sentido de que o Jardim Dona Leopoldina  seja dotado de uma Delegacia Distrital de Polícia, reclamo de seis mil e quinhentas famílias que ali residem. Certamente também a família de Juliano. A morte do menino poderá ter sido até acidental, como se induz do testemunho de sua colega, mas não será acidental o fato das pessoas, como o assassino de ontem, andarem armadas. A fatalidade, no caso, não exclui a responsabilidade nem do assassino, nem das autoridades que permitem o uso indiscriminado de armas para uma suposta e, às vezes, desastrosa tentativa de segurança pessoal. O assunto é grave, Srs. Vereadores. Em torno do Jardim Dona Leopoldina aglomeram-se cerca de 300 mil moradores em toda sorte de favela e sub-habitação que também estão expostos diariamente a violência. A implantação de uma Delegacia Distrital de polícia no Jardim Leopoldina servirá, portanto, de núcleo de segurança para toda uma vasta área da Zona Norte, tão exposta ao assalto, ao assassinato, à violência indiscriminada. É urgente a implantação da Delegacia Distrital devidamente aparelhada de homens e de indispensáveis viaturas.

A crônica do acontecimento registra, ainda, outro fato alarmante. Nenhum motorista, amador ou profissional, dispôs-se a transportar ao hospital o jovem Juliano dos Santos Soares, que ainda vivia. O assassino abandonou-o, tão logo o viu caído no meio do campo. Nenhuma pessoa, das que passaram próximo do local, conduzindo veículo, nenhuma delas promoveu o socorro urgente à vítima. A Diretora da Escola Dona Desira Lago Ribeiro, postou-se no meio da rua atacando todos os veículos. Um homem disse que não poderia fazer nada e continuou o seu caminho, incapaz de solidariedade mesmo com uma criança agonizante. Segundo a professora, nem particulares, nem profissionais dispuseram-se a auxiliar no transporte do menino, que acabou falecendo em pleno campo. Quando a Polícia Militar chegou, já nada havia a fazer. Para o acúmulo da fatalidade, o telefone da escola estava estragado.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Leão de Medeiros, com muita tristeza estou acompanhando esse fato, e acho que todos os colegas Vereadores desta Casa também estão. Então, faço uma pergunta a mim e a V. Exª o que se viu no rádio e nos jornais é que diversos motoristas de táxi se negaram a prestar socorro a esta criança. Estes motoristas não deveriam ser processados? Porque essa criança se fosse socorrida em tempo hábil, talvez tivesse sido salva a sua vida.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Ver. Besson, o problema é sério. A hipocrisia humana é tão grande que faz pensar que estas pessoas que se negam a prestar socorro a esta criança, talvez, alegassem motivos mais importantes. Mas não tem nenhum que se sobreleve a este de socorrer uma vítima agonizante. Realmente, não sei, no meu conceito de policial, se seriam eles também responsabilizados. Mas é muito difícil a prova. Mas há remédios, como este que pretendo enfrentar a partir de agora da tribuna. É que, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Câmara Municipal aprovou e o Prefeito sancionou, em 22 de julho de 1988, a Lei nº 6.163 e o Ver. Edi Morelli sabe deste assunto. Esta Lei dispõe sobre indenização pelo Município, do custo da lavagem do veículo que transportar acidentados, feridos, enfermos e gestantes em situações de emergência no cumprimento de prestação de socorro. Mas a vigência da Lei é inútil, pois não foi regulamentada no prazo máximo de trinta dias, como prevê o seu art. 3º. Esta Lei, de autoria de um Vereador da Legislatura anterior, teve como a iniciativa o sentimento de um policial que trabalha há longos anos no plantão do HPS e que, vivenciando aquela quantidade de vítimas não socorridas por profissionais do volante se apiedou da situação e propôs, através dos meios de imprensa, que houvesse a sensibilidade da Administração Municipal em minimizar este problema na medida em que a maior desculpa dos profissionais era de que os carros ficavam sujos pelas vítimas que eram por eles transportados. Sensível a este problema, o Vereador da Legislatura anterior, baseado na pretensão deste policial transformou, com a anuência de toda esta Casa, esse Projeto em Lei.

No entanto, transcorrido um ano, até agora essa Lei não foi regulamentada. É por isso que venho a essa tribuna também. A Lei deveria estar sendo aplicada há um ano. No último dia 15 encaminhei Pedido de Informações ao Executivo, indagando sobre a displicência, sobre a regulamentação da Lei nº 6.163. A Lei é boa e oportuna e poderia já ter salvado muitas vidas preciosas e, em torno dela deveria ter sido feita uma intensa campanha, capaz de sensibilizar motoristas, amadores e profissionais, e nada se fez ao longo desse ano. Espero que o cruel acontecimento do menino Juliano dos Santos Soares desperte a consciência da burocracia do Executivo e da Secretaria Municipal dos Transportes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estava inscrito no espaço de Liderança para fazer apenas dois esclarecimentos, mas o pronunciamento do Ver. Leão de Medeiros faz com que eu me prolongue um pouco mais e talvez atinja os cinco minutos. O telefone da Escola do Jardim Dona Leopoldina foi conseguido através de uma campanha feita por nós no ano passado, quando na guerra de gangues mirins da Ana Febem e da Gang Ratos do Porto, mataram uma garota de 15 anos. E, hoje pela manhã, a mãe da garota, em prantos, me pedia que bradasse por justiça no microfone da Farroupilha, porque o homicida continua solto.

Com respeito à Lei que o Ver. Leão de Medeiros falou, isto foi idealizado pelo escrivão de polícia Flores, do Plantão do HPS, que inclusive dá a lavagem gratuita no Posto Jumbo, na Av. Oscar Pereira, dá a lavagem gratuita. Por que então o não cumprimento da Lei? Mas é próprio – já não digo do nosso Município – mas de nosso País que as leis não sejam cumpridas. Há uma imensidade de leis que não se cumprem e não se saberem a quem recorrer numa apelação. Lembrava outro dia o Ver. Leão de Medeiros que existe uma lei, desde 1937, que obriga as carroças a transportarem um lampião a querosene para iluminação. Esta lei não é cumprida, acidentes estão acontecendo, todos os dias em função de que as carroças não usam nenhuma sinalização. Mas repito, as leis são muito difíceis de serem cumpridas neste País. Pode ser que um dia a coisa melhore. Mas, também, venho a esta tribuna para agradecer os Pedidos de Providências, deste Vereador, de n° 755/89, de 10 de maio de 1989, onde pedia a normalização do número de monitores nas creches administradas pela Prefeitura Municipal, na Vila Restinga. Recebo, hoje, a resposta: “Solicitações atendidas parcialmente pela SMSS; Pedido de Providência nº 755/89”. Agradeço a SMSS pelo atendimento.

Outro Pedido de Providência, de nº 144/89, de 27 de janeiro de 1989, recebi hoje a resposta, onde solicitava que fossem executados melhoramentos na área de estacionamento da Câmara Municipal. Fui atendido, e o testemunho é de todos os Senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em tempo de Liderança, com a palavra o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Vimos a esta tribuna para ler um comunicado da Prefeita de Santos, Srª Telma de Souza, um comunicado à população sobre a trágica morte de um importante companheiro, de um grande companheiro de luta lá de Santos, e a nota diz o seguinte: (Lê.)

”Está clinicamente morto o motorista da C.S.T.C. Anésio Pimenta dos Reis, que foi espancado, na última quarta-feira, por funcionários graduados da Viação Santos – São Vicente Litoral Ltda e por elementos a serviço deste mesmo grupo.

Uma vida se perde. O poderoso Grupo Viação fez uma vítima fatal e a Prefeitura Municipal de Santos, em nome da população santista, volta a repudiar o recurso à violência e ao crime. Lamentavelmente, são atos de selvageria que movem os elementos do Grupo Viação, que viu os seus interesses financeiros contrariados por medida legítima tomada por esta administração.

Os atos de violência não foram praticados apenas contra trabalhadores da C.S.T.C. Também a justiça foi ultrajada na pessoa do oficial Edgard Rodrigues da Silva.

Na garagem do Macuco não satisfeitos em espancar o motorista Anésio Pimentas dos Reis, o diretor administrativo da C.S.T.C., Dr. Gerson Rozo e os funcionários do Grupo Viação expulsaram, sob ameaça de arma de grosso calibre (uma escopeta), Oficial de Justiça Edgard Rodrigues da Silva.

Segundo Oficial de Justiça, o advogado da Viação, Sr. Mauro Aparecido Godói queria que funcionários da C.S.T.C. deixassem o local imediatamente. Na confusão que se estabeleceu – diz o Oficial de Justiça – Dr. Mauro chamou os seguranças, um vigilante da Guarda Noturna, mulato, 1,75 metro, escorraçou este oficial, empurrando-o energicamente, por várias vezes com a arma de grosso calibre nas mãos, enxotando-o de forma humilhante, na presença de todos. Resistindo aos maus tratos este oficial exigiu-lhe fosse dado o nome do policial truculento, o que lhe foi negado. O Dr. Mauro finalmente interveio alegando que o vigilante se havia enganado pensando tratar-se de pessoa ligada à C.S.T.C.

Entre os responsáveis pela violência estão dois policiais de Itanhaém, que precisam ser identificados e punidos. Exige-se das autoridades policiais a punição rigorosa dos delitos cometidos. Voltamos a repetir que todos sos cidadãos de bom senso, respeitadores da legalidade e da democracia, não podem tolerar o recurso à violência e ao crime. Que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei, em nome da democracia e da consciência civilizada a que todos temos direito e pelas quais sempre lutamos.

Folha de São Paulo 25.08.1989.

                                                                (a) Tema de Souza,

                                                                     Prefeita Municipal de Santos.”

A morte de nosso companheiro Anésio Pimenta, em Santos, assassinado pelo ódio dos empresários do transporte coletivo, acresce ao nosso partido mais uma vítima da violência daqueles que não suportam que seus negócios, que seus lucros fáceis, que sua sagrada propriedade seja investigada; daqueles que não aceitam que o transporte coletivo seja colocado pela Administração Popular como um serviço público.

Para concluir, Sr. Presidente, nós perdemos outro valioso companheiro e já são tantas as vítimas desta barbárie: Wilson Pinheiro Santos Dias da Silva, Chico Mendes, Margarida Alves, e tantos outros companheiros cheios de sonhos, cheio de dignidade e de decência  que o pesadelo da indignidade e da indecência tão impunes neste País não tolerou. Por isto o nosso mais veemente protesto e a certeza de que a luta continua. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de Liderança, o Ver. Ervino Besson, que fala em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não me recordo qual dos Vereadores que algum tempo atrás disse desta tribuna que o Vereador, hoje, na cidade de Porto Alegre, além de ser Vereador desta Cidade, ele presta grandes serviços a sua comunidade, porque a comunidade pede o seu apoio, o seu socorro por diversos acontecimentos na sua área de ação, principalmente da sua comunidade. É verdade, Senhores!

Eu quero que fique registrado, nos Anais desta Casa, um episódio que aconteceu na minha comunidade na quarta-feira da semana passada. Mais uma vez eu fui procurado por um grupo de jovens que tinham se envolvido num episódio. E lá fui. Mas depois de tomar conhecimento do episódio e da situação em que se envolveram aqueles jovens, eu pedi socorro para os colegas Vereadores desta Casa. É com muita alegria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores que eu recebi a solidariedade imediata dos colegas Vereadores. O primeiro Gabinete que eu procurei foi o Ver. Luiz Braz, onde eu obtive de pronta atenção de sua assessoria, do seu advogado Prestes, e logo após do Gabinete do Ver. Cyro Martini, que também prontamente me deu o seu apoio. Também no Gabinete do Ver. Leão de Medeiros, ele não estava presente, mas quando ele ficou sabendo do fato prontamente, por intermédio do telefone, ele prestou os eu apoio.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com isso eu tenho certeza que os 33 Vereadores que hoje representam esta Casa são homens de bem, são homens que têm uma responsabilidade e um espírito humanitário e um espírito cristão para com sua comunidade.

Portanto, creio que a nossa Cidade, a nossa Porto Alegre, hoje, está de parabéns. Em nome daqueles jovens envolvidos naquele episódio, em nome daquelas famílias daqueles jovens eu quero deixar aqui o meu mais sincero agradecimento, ao Ver. Luiz Braz, juntamente com sua assessoria; ao Ver. Leão de Medeiros, com sua assessoria; ao Ver. Cyro Martini com, sua assessoria.

Sr. Presidente, atos como este nos engrandece, e cada vez mais nos enche de força e de alegria para trabalhar cada vez mais para a nossa Cidade de Porto Alegre. Sou muito grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está inscrito em Comunicação de Liderança, o Ver. Clóvis Brum, que está com a palavra.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sem dúvida alguma o Sr. Diretor do DMAE deve ter se assessorado de maneira equivocada, porque a cobrança ilegal que o DMAE vem realizando, eu diria clandestina, do esgoto cloacal nas redes do Projeto Rio Guaíba vai além de clandestina, ilegal; ela é até condenável. O que se diz para aqueles cidadãos que furtam energia elétrica, que furtam água? Como se pode, agora, enquadrar aqueles que cobram em cima de um serviço que não é seu, não é da sua propriedade, e sem autorização do proprietário?

Pois as redes do esgoto cloacal, implantadas em Porto Alegre, em função da Lei nº 4.892, de 23.01.1981, foram implantadas por esta Lei, regulamentada pelo convênio, a provado por esta Casa. No bojo desta Lei, estas Leis pertencem à CORSAN, e o DMAE vem fazendo a cobrança do esgoto cloacal sem a autorização da CORSAN. O Sr. Diretor do DMAE disse que fazia a cobrança baseado na Lei Complementar nº 170, que estabelece as normas de funcionamento da prestação de serviço, estipula as condições de cobrança de aferição da tarifa, etc. da rede de água e esgoto normal do DMAE. Agora as redes implantadas através do denominado Projeto Rio Guaíba, estas pertencem à CORSAN e só podem ser cobradas por ela. Aliás, o esgoto só pode ser cobrado nestas redes se as condições permitirem, condições estas estabelecidas na cláusula 8º do Convênio de que trata a Lei nº 4.892.

Portando, a cobrança da taxa de esgoto das redes de propriedades da CORSAN só pode ser cobrada mediante a autorização da CORSAN, mediante repasse de dinheiro que é da CORSAN e o ressarcimento que e o DMAE tem direito pelo trabalho de cobrança. E mais do que isso, se tiver a primeira etapa de duas estações de tratamento prontas. Essa primeira etapa deve estar pronta nas duas estações de tratamento, então o DMAE está cobrando mal. Nós vamos buscar na Justiça a sustação desta cobrança, porque eu acho que o Diretor do DMAE, em que pese ser um cavalheiro, gentil, está mal assessorado neste aspecto. Não é a Lei Complementar que regula a matéria. O denominado Projeto Rio Guaíba, que eu votei contra, quando foi implantado aqui em 1981, é regulado pela Lei nº 4.892, de 23 de janeiro  de 1981. Nada a ver com a Lei nº 170. Este convênio, que foi aprovado juntamente com a Lei nº 4.892, é claro quando diz na sua cláusula 8ª, em que situação pode iniciar a cobrança desta rede. Eu até proponho aqui da tribuna, a representação do PT está aqui na Casa, se o Sr. Diretor do DMAE mandar sustar a cobrança deste esgoto amanhã e me comunicar amanhã, eu deixo de ingressar na justiça. Se isto não acontecer até amanhã, às 15 horas, eu entrarei na Justiça buscando o cancelamento dessa cobrança ilegal, clandestino e os demais adjetivos que vão decorrer, evidentemente, da sentença. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, convido os Srs. Vereadores para a Sessão Solene de hoje às 17 horas. Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h20min.)

 

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